Como informar e motivar o paciente sem perder a eficácia clínica

Comunicação clínica é mais do que falar: é saber escutar, adaptar e influenciar

Falar não é informar. E motivar não é convencer. No consultório, o modo como você explica o diagnóstico e propõe o tratamento pode ser tão decisivo quanto o conteúdo da prescrição. Neste texto, você verá como transformar a comunicação clínica em uma ferramenta estratégica para aumentar a adesão terapêutica e fortalecer a relação médico-paciente.

 

Enuncie o problema com clareza (e no tom certo)

Após a anamnese e o exame físico, o momento de informar o diagnóstico exige mais do que repetir termos técnicos. Prefira frases curtas, vocabulário acessível e evite palavras de forte carga emocional. Dizer que o paciente tem um “tumor” é menos impactante do que usar o termo “câncer”, por exemplo. Dependendo do contexto, você pode escolher entre:

 

Propor um plano terapêutico é negociar, não impor

Um tratamento só funciona quando o paciente “compra a ideia”. E isso exige envolvimento. Explique a lógica da conduta — por que ela faz sentido, como age, o que esperar. Use exemplos simples:

Essas perguntas simples validam o paciente e reduzem a resistência!

 

Motivar é ajudar o paciente a se sentir capaz

A motivação não nasce de broncas ou ameaças! Ela se fortalece com reconhecimento, metas realistas e pequenas vitórias. E isso vale especialmente para pacientes com baixa adesão. Algumas boas práticas:

Como comunicar más notícias com ética e sensibilidade

Dar uma má notícia é um desafio inevitável. Mas há formas de torná-lo mais humanizado:

Lembre-se: mais do que o impacto da notícia, o que marca o paciente é como ela foi comunicada.

 

Passo a passo para uma entrevista resolutiva

  1. Enunciação do problema de saúde

    • Pode ser simples, múltipla, parcimoniosa (gradual) ou autoritária.
  2. Proposta de ação e tratamento

    • Deve ser apresentada com clareza, com explicações racionais e envolvimento do paciente.
  3. Explicação da evolução previsível

    • Ajuda a criar uma sensação de controle.
  4. Confirmação da compreensão

    • Evitar tom de cobrança; use perguntas abertas.
  5. Precauções e fechamento da consulta

    • Ex: “Se não melhorar, volte sem hesitar.”
  6. Acessibilidade (telefone, e-mail)

    • Raramente gera abusos e reforça vínculo.

 

Técnicas para melhorar a informação

Adesão terapêutica: como promover

  1. Detectar baixa adesão sem julgamentos.
  2. Valorizar os esforços do paciente.
  3. Ser realista: priorizar metas.
  4. Contar com a equipe de enfermagem.
  5. Simplificar regimes medicamentosos.
  6. Aplicar técnicas de motivação:

    • Intrínseca: autoestima, autocontrole, autoconhecimento.
    • Extrínseca: lembretes, familiares, embalagens adaptadas.

 

Comunicação eficiente não é dom: é técnica treinável!

Você não precisa (nem deve) mudar seu estilo clínico. Mas precisa aprender a usar as técnicas certas no momento certo. Cada paciente requer uma abordagem personalizada. A comunicação bem feita não é só empática — é também estratégica, ética e clínica.

 

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