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Estratificação do Risco Isquêmico e Hemorrágico em Pacientes Cardiovasculares!

Autor: Dr. Eduardo Pesaro

Introdução:

A estratificação do risco isquêmico e hemorrágico em pacientes cardiovasculares é uma etapa crucial no manejo clínico, especialmente quando se trata de priorizar internações e tratamentos em unidades de terapia intensiva (UTI). Compreender os riscos de morte, infarto e hemorragia é fundamental para a tomada de decisões médicas eficazes. Este artigo discute os principais pontos abordados na aula “Como estratificar o risco de uma SCA sem SUPRA-ST”, ministrada pelo Dr. Eduardo Pesaro, destacando a importância do bom senso clínico e da utilização de escores específicos para avaliar os riscos dos pacientes. Para informações mais aprofundadas confira o curso Infarto: Tudo o que  você precisa saber.

 

Avaliação e Priorização de Pacientes:

Os pacientes que apresentam resistência ao tratamento químico inicial devem ser considerados para internação prioritária. A analogia com a estratificação de risco isquêmico e hemorrágico sem supradesnível de ST destaca a importância de avaliar minuciosamente os riscos de morte, infarto e hemorragia. É essencial comunicar a gravidade da situação tanto ao paciente quanto à sua família, explicando os benefícios e os riscos dos tratamentos propostos.
A priorização das vagas de UTI deve levar em conta a gravidade do quadro do paciente. A decisão sobre quem será submetido ao cateterismo deve ser baseada em informações precisas, utilizando o bom senso clínico. A observação de sinais de instabilidade hemodinâmica e elétrica, extremos de idade e outras condições críticas são fundamentais para determinar a gravidade do paciente.

 

Utilização de Escores Clínicos:

Diversos escores clínicos são utilizados para avaliar o risco de morte isquêmica e hemorrágica. O escore de Braunwald, desenvolvido pelo professor Braunwald do Grupo Timi há várias décadas, inclui fatores como idade, estabilidade hemodinâmica e elétrica. A calculadora do Grupo Timi, com mais de 30 anos de existência, é um exemplo clássico que considera a idade, fatores de risco, obstrução coronária e uso de aspirina para gerar um valor prognóstico.

Os europeus também contribuíram com o estudo GRACE, que oferece calculadoras online para avaliar riscos baseando-se em idade, frequência cardíaca, pressão arterial e outros parâmetros. Há, também, a classificação de Killip, que é uma ferramenta útil para estratificação hemodinâmica, categorizando os pacientes em diferentes níveis de gravidade.

 

Riscos Hemorrágicos e Estratégias de Mitigação:

O tratamento de síndromes coronarianas agudas (SCA) envolve o uso de anticoagulantes, cujo principal efeito colateral é o sangramento. A prática atual de realizar cateterismos via radial diminui significativamente o risco de hemorragia em comparação com a abordagem femoral. No entanto, é importante utilizar escores como CRUSADE, ACUITY e ARC-HBR para calcular o risco hemorrágico.
Pacientes com fatores de risco elevados, como idade avançada, baixo peso, insuficiência renal, diabetes e histórico de AVC, apresentam um maior risco de hemorragia. A comunicação com a família sobre os riscos e benefícios do tratamento é essencial, assim como a explicação sobre possíveis hematomas ou manchas roxas decorrentes do tratamento.

Ferramentas de Diagnóstico e Monitoramento:

O ecocardiograma e o eletrocardiograma são ferramentas indispensáveis na avaliação do prognóstico. Eles fornecem informações detalhadas sobre a função cardíaca, ajudando a confirmar hipóteses diagnósticas e a monitorar a eficácia do tratamento. Disfunções segmentares e uma fração de ejeção baixa são indicadores de um prognóstico mais grave, necessitando de cuidados intensivos.
O uso do ecocardiograma é enfatizado como uma ferramenta valiosa para avaliar a função do músculo cardíaco e das válvulas. Disfunções segmentares e a disfunção ventricular sistólica são indicativos importantes do prognóstico do paciente. Pacientes com alto risco devem ser monitorados em unidades especializadas, como unidades coronarianas, por pelo menos 24 horas, isso permite uma resposta rápida a eventos críticos como, por exemplo, a fibrilação ventricular; nestes casos, a presença de desfibriladores é crucial. A comunicação eficiente entre a equipe médica e a família do paciente, bem como a gestão adequada dos recursos hospitalares, são essenciais para garantir a melhor assistência possível. 

 

Conclusão:

A estratificação do risco isquêmico e hemorrágico é um processo complexo, que exige a combinação de bom senso clínico e o uso de ferramentas prognósticas, porém, estratificar o risco isquêmico e hemorrágico dos pacientes é vital para melhorar a comunicação com a família, otimizar os fluxos hospitalares e priorizar adequadamente os procedimentos de cateterismo. A utilização de escores clínicos e ferramentas de diagnóstico, como o ecocardiograma, são essenciais para um prognóstico preciso. O desafio final é tratar os pacientes com estratégias de revascularização, que são fundamentais para reduzir o risco de morte no médio prazo. A abordagem holística e criteriosa na avaliação dos pacientes garante um tratamento mais seguro e eficaz.

 

Conheça o autor:

Dr. Eduardo Pesaro é Doutor em Cardiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP); Pós-doutorado em Cardiologia pela FAPESP/Hospital Israelita Albert Einstein; Cardiologista da Unidade Coronária do Hospital Albert Einstein desde 2004; Docente e Pesquisador Clínico do Hospital Albert Einstein desde 2004; Coordenador do Grupo de suporte de Cardiologia do Hospital Albert Einstein; Especialista em Clínica Médica – Sociedade Brasileira de Clínica Médica (2002); Especialista em Cardiologia – Sociedade Brasileira de Cardiologia (2004); Especialista em Medicina Intensiva – Sociedade Brasileira de Medicina Intensiva (2006) e Member of the Global Physician Associate Program of Cleveland Clinic (2013).

 

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