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Como calcular frequência cardíaca e fazer análise de ritmo?

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Clínica Médica
Como calcular frequência cardíaca e fazer análise de ritmo?

Escrito por: Equipe Manole

 

Quando se trata de vitalidade ao nosso corpo, a importância do coração é incontestável. Ele é um órgão vital que bombeia sangue por todo o corpo, fornecendo oxigênio e nutrientes às células, além de remover resíduos. 


Mas afinal, o que são os batimentos cardíacos? E como entendemos seu ritmo através do eletrocardiograma? No post de hoje vamos explicar tudo que você precisa saber sobre o assunto. Continue a leitura e fique por dentro!

 

O que é frequência cardíaca?

Para entender um eletrocardiograma, é essencial entender o conceito de frequência cardíaca. Essa medida consiste na quantidade de batimentos que o coração realiza por minuto, a famosa sigla: BPM.

 

Com esse parâmetro, é possível analisarmos a saúde e estado atual do paciente. O mesmo pode variar de acordo com fatores como atividade física, estresse, idade e condições de saúde.

Em um adulto saudável, os batimentos variam entre 60 e 100 bpm, estabelecendo acima de cem um estado de taquicardia e abaixo de sessenta uma bradicardia.

 

O que é ritmo cardíaco?

O ritmo cardíaco consiste em uma análise mais detalhada da frequência. Adentrando-se nela, é possível  monitorar a consistência de seus batimentos, principalmente observando a consistência das repetições,  acompanhando de perto se os intervalos são consistentes ou não.

Como fazer análise do ritmo?

Baseado no conceito de ritmo e na visualização do electrocardiograma, temos de analisar as ondas P e QRS, além da regularidade nos intervalos RR.

Análise da onda P 

  1. O primeiro passo para interpretação é observar se existe visibilidade no traçado da onda e sua morfologia. é importante analisar derivações, lembrando que a P pode estar oculta dentro da onda T em certos casos.
  2. Ondas P positivas em V1 não separadas indicam ritmo atrial ectópico, geralmente do átrio esquerdo. A ausência de ondas P no ECG pode ocorrer na fibrilação atrial, ritmo juncional e taquicardia por reentrada nodal.
  3. Em ritmo sinusal normal, o eixo da onda P no plano frontal varia entre -30° e +90°. Ela é positiva em D1, D2 e VF, e negativa em D3 e a VR. No plano horizontal, a onda P é positiva em V4 a V6 e difásica ou negativa em V1.

 

Análise do QRS

  • Nos traçados em que o QRS apresenta duração normal, o ritmo provavelmente tem origem supraventricular.
  • Se o QRS estiver aumentado, o ritmo pode ser supraventricular com condução aberrante, ou ser originado por marca-passo ventricular ou sinusal com pré-excitação ventricular.

 

Análise da regularidade dos Intervalos RR

  • Observe se os intervalos RR são regulares ou irregulares. Se irregulares, analise se há um padrão (ritmos regularmente irregulares) ou não (ritmos irregularmente irregulares). Entre os últimos estão ritmos supraventriculares com condução AV variável, ritmo sinusal com extrassístoles atriais, ritmo atrial multifocal e fibrilação atrial.

 

Veja exemplos de ritmos:

Ritmo sinusal. Ritmo regular com ondas P de morfologia sinusal: positiva em D1, D2 e aVF, plus-minus ou minus em V1 e com eixo próximo a +60°. A relação atrio-ventricular é 1:1, ou seja, cada onda P precede um complexo QRS.

 

Ritmo atrial ectópico. Ritmo regular com ondas P de morfologia distinta da onda P sinusal. A onda P é negativa em D2, D3, a VF, V3 a V6 e positiva em V1 e V2. A relação atrioventricular é 1:1, pois cada onda P precede um complexo QRS.

 

Fibrilação atrial. Ausência de ondas P e presença de irregularidades na linha de

base. O intervalo RR é irregularmente irregular, caracterizando a fibrilação atrial.

 

Flutter atrial. Ritmo regular com QRS estreito e ondas F de flutter. Há 4 ondas F

para cada complexo QRS, ou seja, a condução atrioventricular é 4:1.

 

Cálculo da frequência cardíaca

Após a análise do ritmo cardíaco, o próximo passo na interpretação do eletrocardiograma (ECG) é o cálculo da frequência cardíaca. O cálculo pode ser feito de duas maneiras distintas, tanto para ritmos regulares quanto irregulares.

Ritmos cardíacos regulares

A frequência cardíaca (FC) pode ser calculada a partir do eletrocardiograma (ECG). A velocidade padrão do ECG é de 25 mm por segundo, o que significa que em 1 minuto, o traçado avança 1.500 mm (25 mm x 60 segundos).

 

Para encontrar a FC, você conta quantos quadrados menores (de 1 mm) existem entre dois batimentos (dois picos R). A fórmula é: FC (em batimentos por minuto) = 1.500 dividido pelo número de quadrados entre os picos R.

Por exemplo, se houver 25 quadrados, a FC será de 60 bpm (1.500 dividido por 25). Assim, você pode calcular facilmente a frequência cardíaca analisando o ECG

 

  • Baseando-se nessa informação, existem outras maneiras que podem ser utilizadas:

 

  • A mais simples e rápida é dividir 300 pelo número de quadrados maiores após uma onda R. Portanto, o primeiro quadrado maior após a onda R representa a FC de 300 bpm (300/1 = 300); o segundo seria a frequência de 150 bpm (300/2 = 150), e assim sucessivamente 

  • Uma alternativa é transformar um intervalo RR em segundos. Para estimar a FC, basta dividir 60 por esse valor. Por exemplo, se um intervalo RR corresponder a 0,75 segundo, a FC é de 80 bpm (60/0,75 = 80).

 

Segundo a Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre interpretação do ECG, a variação normal da FC para adultos é de 50 a 100 bpm.2

 

Ritmos cardíacos irregulares

 

Quando existem ritmos irregulares, como na fibrilação atrial (FA), ainda é possível fazer uma estimativa grosseira da FC. Para tanto, basta contar o número de complexos QRS presentes em determinado intervalo de tempo no Eletrocardiograma. 

 

Por exemplo, quando existem 10 complexos QRS em um intervalo de 6 segundos (ou 30 quadrados maiores), a FC é 100 bpm (nesse caso se multiplica o número de QRS por 10, pois, multiplicando 6 segundos por 10, completa-se 1 minuto) 

Legenda: Método de estimativa da frequência cardíaca com ritmo irregular: contar 30 quadrados maiores (6 segundos) e multiplicar por 10. Uma caneta Bic®com tampa tem exatamente 150 mm de comprimento (30 quadrados maiores).

 

Gostou do conteúdo? Esse post foi baseado em alguns capítulos do livro “Eletrocardiograma de A a Z” da Manole. Agora que você já sabe como calcular a frequência cardíaca, aproveite para garantir seu exemplar e mergulhar de cabeça em interpretações e leituras de ECG!

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