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O que é uma dor de cabeça com red flags?

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Clínica Médica
O que é uma dor de cabeça com red flags?
Cefaleia é uma das queixas mais comuns no atendimento ambulatorial e de pronto-socorro. Saber diferenciar dores benignas de sinais de alarme pode evitar tanto exames desnecessários quanto atrasos no diagnóstico de condições graves. Este guia prático, baseado nas maiores evidências, resume como conduzir a avaliação da cefaleia em adultos.   A primeira pergunta: “É uma cefaleia primária ou secundária?”  

A classificação inicial da cefaleia é fundamental para o raciocínio clínico:

  • Cefaleias primárias: migrânea, tensional, em salvas — sem causa estrutural ou infecciosa identificável.
  • Cefaleias secundárias: resultado de outra condição subjacente (hemorragia, infecção, hipertensão intracraniana, etc.).
Sinais de alerta, conhecidos como “red flags”, exigem investigação imediata com exames de imagem ou punção lombar.  

Red flags: quando investigar imediatamente?

Use o mnemônico “SNOOP” para lembrar dos principais sinais de alerta:
  • S: Sistêmicos (febre, perda de peso, imunossupressão)
  • N: Neurológicos (déficit focal, convulsões, alteração do nível de consciência)
  • O: Início súbito (“thunderclap headache”)
  • O: Idade >50 anos com início recente da cefaleia
  • P: Padrão diferente (mudança no tipo, frequência ou intensidade)

Cefaleias secundárias graves que precisam ser consideradas:

  • Hemorragia subaracnoide
  • Meningite ou encefalite
  • Trombose venosa cerebral
  • Arterite temporal
  • Tumores cerebrais

Dicas práticas para uma boa avaliação clínica:

A anamnese é a principal ferramenta do diagnóstico!
  • Pergunte sobre início, localização, duração, características e fatores desencadeantes
  • Verifique uso crônico de analgésicos (cefaleia por abuso de medicação!)
  • Investigue histórico familiar e presença de aura (sugere migrânea).
  • Exame físico neurológico completo é obrigatório, mesmo em quadros aparentemente benignos.
 

Quando indicar neuroimagem?

  • Quando houver red flags
  • Primeira cefaleia intensa na vida
  • Piora progressiva do padrão
  • Exame neurológico alterado
Nem toda dor de cabeça é migrânea, e nem toda dor de cabeça precisa de tomografia. O desafio do médico está em identificar rapidamente os casos que precisam de investigação imediata, evitando subdiagnóstico de causas potencialmente fatais e, ao mesmo tempo, evitando o excesso de exames em casos benignos.

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