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Dor no ouvido da criança: quando pensar em Otite externa?

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Medicina de Família e Comunidade
Dor no ouvido da criança: quando pensar em Otite externa?

Otite externa aguda, também conhecida como “ouvido de nadador”, é uma causa comum de otalgia em crianças. Entenda os sinais, fatores de risco e tratamentos essenciais para prevenir complicações.

 

Otite externa aguda (OEA) é uma inflamação difusa do canal auditivo externo, frequentemente associada à exposição à água – daí o apelido “ouvido de nadador”. Embora possa ocorrer em qualquer idade, sua incidência é maior em crianças entre 5 e 14 anos. Estima-se que até 10% da população apresente o quadro ao longo da vida.

 

A fisiopatologia envolve a perda da barreira natural do cerúmen, favorecendo a proliferação de bactérias – principalmente Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus.

 

Os fatores predisponentes

  • Exposição à água (natação)
  • Limpeza agressiva do ouvido com cotonetes ou objetos
  • Uso frequente de fones de ouvido ou aparelhos auditivos
    Dermatites, como dermatite atópica ou de contato

Quadro clínico

  • Dor de ouvido intensa e rápida (em até 48 horas)
  • Prurido e sensação de ouvido tampado
  • Edema e hiperemia do canal auditivo
  • Dor à manipulação do tragus e da orelha

Como tratar e prevenir

O tratamento da OEA é majoritariamente tópico. Antibióticos otológicos associados ou não a corticosteroides são o padrão-ouro. Preferem-se formulações contendo fluoroquinolonas (como ciprofloxacino ou ofloxacino), principalmente se a membrana timpânica estiver perfurada ou seu status for desconhecido.

Medidas essenciais no tratamento

  • Alívio da dor com analgésicos simples (paracetamol, ibuprofeno)
  • Evitar água no ouvido (inclusive durante o banho)
  • Afastamento da natação por 7 a 10 dias
  • Evitar o uso de fones ou aparelhos até resolução completa
  • Em casos graves, o uso de wick auricular facilita a penetração do medicamento.

Duração

Geralmente 7 dias, podendo estender-se até 14 dias nos casos persistentes.

Prevenção

  • Evitar manipulação excessiva do canal auditivo
  • Uso de tampões auriculares em crianças predispostas
  • Secagem adequada após banhos e mergulhos (uso de secador em baixa temperatura)

Atenção: quadros graves, com celulite periauricular ou falha terapêutica após duas semanas, exigem avaliação otorrinolaringológica. A otite externa aguda é uma condição frequente, mas muitas vezes negligenciada no consultório. Reconhecer o quadro, orientar a não manipulação do canal auditivo e tratar adequadamente com terapia tópica são pilares para a resolução e prevenção de complicações.

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