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Parar de fumar pode ser possível

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Medicina de Família e Comunidade
Parar de fumar pode ser possível

O cigarro mata mais que qualquer outra causa evitável de morte no mundo. A boa notícia? Parar de fumar traz benefícios quase imediatos: a expectativa de vida pode aumentar em até 10 anos, mesmo para quem já fuma há décadas.

Mas, mesmo diante de dados tão impactantes, muitos pacientes não recebem orientação adequada para cessar o tabagismo. E isso inclui até médicos fumantes, que muitas vezes não contam com apoio estruturado para parar.

A boa notícia: há tratamentos eficazes. Quando combinamos abordagem comportamental com medicações, as taxas de sucesso aumentam significativamente.

 

O que funciona de verdade na cessação do tabagismo?

A estratégia mais eficaz é uma abordagem multimodal, que inclui:

Abordagem breve estruturada

  • Deve ser feita em toda consulta médica, mesmo que o paciente não tenha queixa respiratória.
  • Estrutura simples: “Você fuma? Já pensou em parar? Posso te ajudar.”

Tratamento farmacológico

Existem três opções principais de primeira linha:

  • Terapia de reposição de nicotina (TRN): adesivo + goma ou pastilha
  • Bupropiona 
  • Vareniclina

A escolha deve considerar o perfil clínico do paciente, contraindicações e preferência pessoal.

Apoio comportamental

  • Pode ser feito individualmente, em grupo ou até virtualmente.
  • Idealmente, deve acompanhar o tratamento farmacológico.

Importante: a combinação de fármacos + apoio comportamental pode dobrar ou triplicar as chances de sucesso.

 

Como incorporar essa abordagem na prática clínica?

Mesmo sem programas estruturados ou equipe multiprofissional, o médico pode fazer diferença com ações simples:

  • Registrar o status tabágico como “sinal vital” na ficha do paciente.
  • Agendar retorno específico para discutir cessação, se necessário.
  • Prescrever TRN ou bupropiona com instruções claras e acompanhamento.
  • Encaminhar para grupos de apoio locais ou indicar apps confiáveis de cessação.

Além disso, o profissional pode se capacitar para oferecer intervenções breves eficazes em poucos minutos, sem sobrecarregar o atendimento.

Parar de fumar é difícil, mas não impossível. E o médico é peça-chave nessa jornada. O simples ato de perguntar, oferecer ajuda e acompanhar o processo pode aumentar substancialmente as chances de cessação bem-sucedida.

 

Referência:

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