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Celulite e erisipela: como diferenciar e por que isso importa no tratamento?

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Pediatria
Celulite e erisipela: como diferenciar e por que isso importa no tratamento?

Celulite e erisipela são infecções cutâneas comuns, mas que exigem decisões rápidas sobre antibiótico, via de administração e necessidade de internação.Celulite e erisipela são infecções bacterianas da pele e do tecido subcutâneo.

A distinção clínica entre elas pode ser sutil, mas relevante:

  • Erisipela: mais superficial, com bordas bem demarcadas e coloração vermelho-viva; frequentemente acomete face e membros inferiores.
  • Celulite: acometimento mais profundo, com bordas mal definidas e maior risco de complicações.

Ambas geralmente são causadas por estreptococos beta-hemolíticos (especialmente Streptococcus pyogenes) e, em menor grau, por Staphylococcus aureus (inclusive MRSA, em alguns contextos).

Como tratar? Escolhas antibióticas e critérios de gravidade

A escolha do tratamento depende da gravidade, local de infecção, comorbidades e risco de patógenos resistentes.

Tratamento ambulatorial (casos leves/moderados, sem sinais sistêmicos):

  • Primeira linha: cefalexina, amoxicilina ou penicilina V
  • Alérgicos a penicilina: clindamicina
  • Suspeita de MRSA (histórico, abscessos recorrentes, falha prévia): considerar sulfametoxazol-trimetoprim, doxiciclina ou clindamicina

Tratamento hospitalar (casos graves ou falha do tratamento oral):

  • Opções IV: cefazolina, oxacilina ou penicilina G
  • Suspeita de MRSA: vancomicina, daptomicina ou linezolida

Duração habitual do tratamento:

  • 5 dias é suficiente na maioria dos casos com boa resposta clínica
  • Pode estender para 7 a 14 dias conforme gravidade e comorbidades

Quando internar?

Critérios que não podem ser ignorados. Internação deve ser considerada nos seguintes casos:

  • Sinais de sepse ou instabilidade hemodinâmica
  • Imunossupressão significativa
  • Falha do tratamento oral após 48 a 72 horas
  • Infecção em área crítica (periorbitária, mãos, genitais)
  • Celulite recorrente com edema crônico ou linfedema

Importante: sempre avaliar diferencial com trombose venosa profunda em membros inferiores.

Celulite e erisipela são frequentes e, na maioria das vezes, tratáveis em regime ambulatorial. Mas ignorar sinais de gravidade ou escolher antibiótico inadequado pode levar a complicações evitáveis. O olhar clínico atento, somado ao uso criterioso de antibióticos, ainda é a melhor ferramenta para evitar internações e recidivas.

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