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Mastite e abscesso mamário em crianças e adolescentes: o que todo médico precisa saber

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Pediatria
Mastite e abscesso mamário em crianças e adolescentes: o que todo médico precisa saber

Você já atendeu um adolescente com dor, calor e vermelhidão na mama? Embora a mastite seja mais comum em mulheres lactantes, ela também ocorre em crianças e adolescentes – com particularidades que merecem atenção. A inflamação mamária em pacientes pediátricos não é tão rara quanto se pensa. Reconhecer sinais precoces, indicar o tratamento adequado e evitar complicações é essencial na prática clínica. Neste texto, você encontra um guia direto ao ponto com tudo que importa sobre mastite e abscesso mamário em crianças e adolescentes.

1. Epidemiologia e fatores de risco

  • Mastite é rara antes dos 8 anos.
  • Mais comum na puberdade, com pico logo após a menarca.
  • Fatores predisponentes:
    • Manipulação mamária (incluindo durante atividade sexual)
    • Obesidade
    • Piercing no mamilo
    • Acne, depilação periareolar e infecções cutâneas próximas

2. Agentes etiológicos

  • Principal: Staphylococcus aureus
  • Outros: Streptococcus pyogenes (GAS), anaeróbios, Pseudomonas, Enterococcus,
  • MRSA deve ser considerado em áreas endêmicas ou casos com falha terapêutica.

3. Apresentação Clínica

  • Início súbito com:
    • Dor, calor e vermelhidão na mama
    • Induração e flutuação em casos de abscesso
    • Secreção purulenta pelo mamilo pode estar presente
  • Febre e sintomas sistêmicos são variáveis

4. Diagnóstico

  • Clínico na maioria dos casos.
  • Exames complementares indicados apenas em contextos específicos:
    • Ultrassonografia: útil para diferenciar abscesso ou orientar drenagem
    • Gram e cultura: se houver secreção ou material de punção
    • Hemograma: em quadros febris ou sistêmicos
  • Diagnósticos diferenciais importantes:
    • Trauma mamário, necrose gordurosa, ectasia ductal, linfangioma, carcinoma (extremamente raro)

5. Tratamento

  • Suporte: compressas mornas, analgésicos e suporte da mama
  • Antibióticos (ver abaixo)
  • Drenagem, se houver abscesso evidente ou sem resposta clínica

Antibióticos orais (para pacientes imunocompetentes e sem sinais sistêmicos):

  • Cephalexina (25–50 mg/kg/dia em 3–4 doses)
  • Clindamicina (30–40 mg/kg/dia) – ideal em áreas com MRSA >10%
  • Dicloxacilina ou TMP-SMX (este último sem ação sobre GAS)

Antibióticos parenterais (pacientes com sinais sistêmicos, piora rápida ou imunocomprometidos):

  • Cefazolina, Nafcilina, Oxacilina
  • Clindamicina ou Vancomicina (se MRSA for uma preocupação ou em alergia grave à penicilina)

Duração do tratamento:

  • Geralmente 7 a 10 dias, ajustado conforme resposta clínica.

6. Drenagem de Abscesso

  • Preferencialmente guiada por ultrassonografia.
  • Deve ser realizada por profissional experiente para evitar lesão da região do broto mamário (risco de hipoplasia mamária futura).

Mastite e abscesso mamário em pacientes pediátricos exigem atenção redobrada. A chave está no reconhecimento precoce, antibioticoterapia adequada e encaminhamento criterioso quando houver necessidade de drenagem. O manejo correto previne sequelas e evita infecções recorrentes.

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