Bronquiolite é uma das principais causas de internação em menores de dois anos. Saiba reconhecer casos graves, orientar famílias e manejar o quadro com segurança.
Manejo atual da bronquiolite: o que realmente funciona?
A bronquiolite é uma infecção viral comum, principalmente causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), afetando crianças menores de 2 anos. O quadro inicia com sintomas respiratórios altos (coriza) e evolui para sinais de comprometimento do trato respiratório inferior (sibilância, estertores).
Critérios clínicos importantes:
- Infantes com quadro leve: pouca ou nenhuma dificuldade respiratória, sem apneia ou alteração do estado mental.
- Quadro moderado a grave: taquipneia, retrações moderadas a intensas, batimento de asa do nariz, gemência, cianose, apneia ou rebaixamento do nível de consciência.
Tratamento de primeira linha:
Exclusivamente suporte clínico. Medicamentos como broncodilatadores, corticoides e antibióticos não têm benefício rotineiro. Principais condutas ambulatoriais:
- Hidratação adequada
- Lavagem nasal e desobstrução
- Monitoramento atento da evolução (algumas crianças pioram após 48 horas iniciais)
- Evitar descongestionantes e xaropes
Quando internar?
A decisão de internação baseia-se na avaliação clínica e no escore de gravidade respiratória (RSS ≥5). Pacientes que preenchem um ou mais critérios abaixo devem ser internados:
- Dificuldade respiratória moderada a grave
- Saturação persistente <90-92%
- Apneia
- Incapacidade de alimentação oral
- Desidratação ou exaustão
- Ambiente domiciliar inseguro
Condutas hospitalares:
- Oxigenoterapia: suplementar se SpO₂ <90-92%
- Cânula nasal de alto fluxo (HFNC): indicada nos casos com hipoxemia persistente ou trabalho respiratório elevado
- Suporte ventilatório não invasivo (CPAP/BPAP) ou intubação em casos graves
- Hidratação endovenosa conforme necessidade
- Aspiração nasal frequente (não profunda)
- Controle da febre
Precauções: antibióticos são indicados apenas se houver coinfecção bacteriana suspeita. Corticoides e nebulização com solução hipertônica podem ser considerados apenas em casos selecionados.
Bronquiolite é autolimitada, mas pode evoluir com desconforto respiratório grave. O manejo adequado é principalmente de suporte e monitoramento. Internação precoce de casos graves e orientação clara aos cuidadores são determinantes no prognóstico.
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Gabriel Henriques Amorim é médico (CRM-SP 272307), especialista em Educação na Saúde pela USP e residente de Medicina de Família e Comunidade no Hospital das Clínicas da FMUSP. No blog da Manole, compartilha conteúdos práticos, baseados em evidências, voltados para o dia a dia do cuidado em saúde.
Gabriel Henriques Amorim é médico (CRM-SP 272307), especialista em Educação na Saúde pela USP e residente de Medicina de Família e Comunidade no Hospital das Clínicas da FMUSP. No blog da Manole, compartilha conteúdos práticos, baseados em evidências, voltados para o dia a dia do cuidado em saúde.