A Doença Renal Crônica (DRC) é progressiva e silenciosa, mas o manejo adequado pode evitar desfechos graves como a diálise ou o transplante. Neste artigo, você confere os principais pilares para o cuidado de pacientes com DRC, desde o diagnóstico até medidas terapêuticas baseadas em evidências.
O que é essencial saber na abordagem da DRC?
A DRC é definida como uma alteração estrutural ou funcional dos rins com duração ≥3 meses. A avaliação deve incluir a estimativa da taxa de filtração glomerular (TFG) com base na creatinina sérica, além da investigação de albuminúria, hematúria e sedimentos urinários.
Exames complementares como ultrassonografia renal e, em casos específicos, biópsia renal são importantes na identificação da etiologia e extensão do dano.
A hiperfiltração adaptativa é um mecanismo compensatório comum que leva à progressão da DRC, mesmo após a resolução da doença inicial. Esse fenômeno acelera a perda de néfrons funcionantes e culmina na esclerose glomerular e na falência renal.
Estratégias que funcionam: o que está comprovado?
- Controle da pressão arterial:
Reduzir a pressão abaixo de 130/80 mmHg é uma medida central, especialmente com o uso de IECA ou BRA, que também reduzem a proteinúria [3].
- Uso de inibidores de SGLT2:
Estudos mostram que SGLT2i como a canagliflozina reduzem o risco de progressão da doença renal e eventos cardiovasculares, mesmo em pacientes sem diabetes [3].
- Controle glicêmico adequado:
O manejo da hiperglicemia com agentes com perfil renoprotetor, como agonistas de GLP-1, é recomendado.
- Redução de sódio na dieta:
Diminuir a ingestão de sódio para <2 g/dia ajuda a controlar a pressão arterial e a progressão da doença [UpToDate 2025].
- Correção de complicações metabólicas:
Abordar anemia, hiperfosfatemia, acidose metabólica e distúrbios do cálcio previne internações e melhora qualidade de vida.
- Encaminhamento precoce ao nefrologista:
Indicado para pacientes com TFG <30 mL/min/1,73 m², albuminúria >300 mg/g ou declínio rápido da função renal.
A Doença Renal Crônica é um problema comum e crescente na prática clínica. O médico generalista tem papel fundamental na detecção precoce, estratificação de risco e implementação de medidas eficazes de prevenção da progressão da doença. O uso racional de medicamentos, aliada à educação do paciente e encaminhamento oportuno, pode evitar desfechos graves.
Referências
- Abboud H, Henrich WL. Clinical practice. Stage IV chronic kidney disease. N Engl J Med. 2010;362:56.
- Denic A, Mathew J, Lerman LO, et al. Single-Nephron Glomerular Filtration Rate in Healthy Adults. N Engl J Med. 2017;376:2349.
- Perkovic V, Jardine MJ, Neal B, et al. Canagliflozin and Renal Outcomes in Type 2 Diabetes and Nephropathy. N Engl J Med. 2019;380:2295.
- Rosenberg M, Curhan GC, Tonelli M. Overview of the management of chronic kidney disease in adults. UpToDate. Literature review current through Jun 2025; topic last updated Mar 26, 2025.
Gabriel Henriques Amorim é médico (CRM-SP 272307), especialista em Educação na Saúde pela USP e residente de Medicina de Família e Comunidade no Hospital das Clínicas da FMUSP. No blog da Manole, compartilha conteúdos práticos, baseados em evidências, voltados para o dia a dia do cuidado em saúde.
Gabriel Henriques Amorim é médico (CRM-SP 272307), especialista em Educação na Saúde pela USP e residente de Medicina de Família e Comunidade no Hospital das Clínicas da FMUSP. No blog da Manole, compartilha conteúdos práticos, baseados em evidências, voltados para o dia a dia do cuidado em saúde.