Um novo olhar sobre o Setembro Amarelo

Escrito por: Equipe Manole

Afinal, o que é o Setembro Amarelo?

Setembro Amarelo é uma campanha que começou no Brasil, em 2014, visando à disseminação do conhecimento sobre suicídio, seus métodos de prevenção e, como objetivo final, a prevenção ao suicídio.

Essa campanha é realizada anualmente, apoiada pela Associação Brasileira de Psiquiatria, e acabou tendo uma ampla disseminação na sociedade. Hoje em dia, conforme o Dr. Rodolfo, não podemos afirmar que ela pertence apenas a uma associação, mas sim a um país inteiro.

“A mobilização sempre teve o enfoque na conscientização e na redução de estigmas por parte da população. A questão é: em um estudo que publicamos, foram apontados alguns dados um pouco preocupantes sobre uma tendência de aumento do número de suicídios que coincidiu com o início do Setembro Amarelo.”

 Ele ainda ressaltou que não passa de um estudo ecológico, e que existem diversas variáveis que podem influenciar, mas o ponto é que a pesquisa nos faz refletir sobre um novo olhar para abordar o tema durante o Setembro Amarelo.

Abordando de outra forma

O que Rodolfo Furlan diria para as pessoas que trabalham com o tema é: “Devemos evitar ao máximo falar sobre as doenças, os fenômenos em si, as prevalências, as histórias de pessoas que estão em sofrimento e a pós-venção. O foco deve estar em outro lugar. Na verdade, ele deve estar em prevenção, em histórias de superação, em como apoiar a nossa saúde mental, em buscar uma vida que vale a pena ser vivida, uma vida cheia de significado, sentido e propósito”

Somente assim, segundo o Doutor, seria possível atingir o objetivo principal, a prevenção ao suicídio.

“Acho importante diferenciar uma campanha populacional de intervenções individuais. São coisas totalmente diferentes.”

Por conta do caráter nacional, o Setembro Amarelo é muito difícil de ser administrado, não há como saber de que forma as pessoas serão afetadas. Uma campanha, para ser efetiva, tem que passar pela fase do marketing, pela fase midiática e, de fato, ter um objetivo. No final, o foco deve ser prático e muito objetivo.

Deixando em aberto, o Dr. Rodolfo diz que encorajaria as pessoas a estudar, se inteirar sobre o tema e, ao divulgar publicamente, evitar alarde e negatividade, para que pessoas já feridas não sejam ainda mais afetadas.

Confira o vídeo do Doutor Rodolfo Furlan Damiano comentando sobre o tema na íntegra:

 

O efeito Werther e a contaminação

Essa propagação negativa gera o efeito Werther, o qual levou ao aumento do número de suicídios após a publicação do livro Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe. Falar sobre o suicídio de uma maneira não cuidadosa pode aumentar o número de suicídios em uma população de forma contaminante. Contudo, isso é diferente de abordar de maneira individual.

 Quando estiver diante de um familiar, um paciente ou de uma pessoa em sofrimento mental, deve-se abordar o tema de maneira aberta, completa e direta, falando sobre as dores e o sofrimento daquele indivíduo. Isso não aumenta o risco de suicídio daquela pessoa. A pessoa não estaria sendo induzida a cometer suicídio; na verdade, você só estaria se colocando à disposição para ajudar. O médico também comenta: 

“Sim, eu me coloco à disposição, mas com o objetivo de criar uma estratégia para que a pessoa busque algum tipo de ajuda e solução. Ou seja, encaminhar para o profissional de saúde, alertar os diretores de escola…Os pais devem sempre ser alertados; o afeto é um fator crucial no tratamento. Agora, falando dessas campanhas enormes e intervenções nacionais, devemos tomar cuidado e propagar o máximo de histórias positivas, porque, de fato, a maioria das pessoas que pensam em morrer não tentam o suicídio”.

A maioria das pessoas que tentam o suicídio estão em extremo sofrimento mental. E, quando estão sob um tratamento adequado, a grande maioria desiste dessa ideia e não tem forças para buscar uma vida que, de fato, vale a pena ser vivida.

Caso haja dúvidas, procure nas redes sociais: @dr.rodolfodamiano. Lá ele fala sobre os temas que permeiam a campanha do Setembro Amarelo e suas particularidades.

Para se aprofundar no assunto, você também pode conferir livor como: Compreendendo o Suicídio e Cansei de Viver, e Agora?, que estão à venda nos sites da Manole.

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